ensaio de tração

Com mais de cinco décadas de produção contínua, Luiz Dolino estabeleceu uma linguagem construtiva entrelaçada em linhas diagonais e geometrias turvas. “Ensaio de tração”, que tem curadoria de Gabriel San Martin, reúne trabalhos inéditos e pinturas presentes no livro “Inventário parcial”, que documenta visual e afetivamente a trajetória do artista e terá o seu lançamento na abertura da mostra. Ao propor um diálogo entre diferentes fases de sua carreira, a mostra destaca a continuidade da investigação formal de Dolino, centrada na experimentação com a cor e a construção espacial. O título “Ensaio de Tração” — termo da engenharia mecânica que remete ao teste de resistência e deformação de materiais — revela a constante tensão presente nas pinturas do artista, que tiram a prova dos limites do equilíbrio geométrico sem romper a sua estrutura.

Luiz Dolino 09/2025

linha de partida

Resultado do interesse do artista Bruno Neves sobre a relação entre pintura e desenho, a exposição “Linha de partida” apresenta um recorte de pouco mais de uma dezena de trabalhos inéditos em pequeno e grande formato, sob curadoria de Gabriel San Martin. Reunindo três séries de pinturas de Neves — Fulgores, Escavações e, a mais recente, Palimpsesto —, a mostra se volta a um contato ambíguo com a paisagem, a partir do qual o artista utiliza recursos como cera de abelha, incisões sobre a tela e camadas de gesso com vista a um jogo com faturas levemente espessas de tinta tensionadas pela reiteração do desenho e pela percepção ambígua da cor provocada pela incidência de luz.

Bruno Neves 08/2025

a rotina das paredes

Com curadoria de Gabriel San Martin, a mostra reúne mais de uma dezena de pinturas que dialogam com a espécie de resistência turva do espaço doméstico brasileiro na sua relação com a esfera pública nacional. Experimentando seja com a manipulação do suporte, com uma tridimensionalização falseada ou com transições tonais, as pinturas exploram a condição do gênero doméstico enquanto um laboratório crítico da realidade.

Chen Kong Fang, Lilian Camelli, Uéslei Fagundes
08/2025

labirinto interior

A produção de Renato Dib gira em torno do universo têxtil — fios, tramas, bordados e tecidos — como linguagem artística e poética. Há quase três décadas, o artista investiga o corpo e a interioridade, explorando o têxtil como metáfora e estrutura. Em “Labirinto Interior”, sua exposição mais recente, Dib une matéria e sentido, entrelaçando gênero, desejo, sexualidade e memória. Sua obra percorre do plano ao escultórico, revelando uma anatomia expandida onde o corpo, feito de tecidos, também “tece” significados. Tecidos e textos compartilham a mesma origem etimológica, e ambos constroem narrativas. O trabalho de Dib, delicado e provocador, coleciona materiais raros e cotidianos para criar um discurso visual que questiona identidades e estruturas. A boca, símbolo de expressão e expulsão, aparece como ponto de passagem entre o íntimo e o mundo, revelando o fluxo labiríntico do ser.

Renato Dib
05/2025

A mostra coletiva traça um panorama da produção recente dos artistas da galeria. Tendo como disparador um trabalho de Aldir Mendes de Souza, “cons.tru.ção” é um convite a repensar a noção de
construção no contemporâneo. O trabalho de Aldir, intitulado “A Cidade VI”, de 1979, é uma de suas incursões pela (até hoje irresolvida) querela entre cidade e campo. Entre as horizontais das plantações e
as verticais assustadoras das metrópoles, Aldir estabeleceu um léxico pessoal para tratar das resultantes visuais do progresso. Sem ser judiciosa, sua pintura nos ajuda a posicionar melhor o problema que a
exposição pretende conjecturar. Outro nome em destaque, Natan Dias – indicado ao Prêmio Pipa em 2024 -, é um artista que, junto ao ferro e ao seu significado nas culturas afrobrasileiras, repensa o construir. Em contraponto, Dolino, artista de carreira longeva, recombina diariamente um léxico exíguo, mas que parece ainda interminável.

cons.tru.ção

Aldir Mendes de Souza, Beto Fame, Greta Coutinho, João Di Souza, Julio Primeiro, Luiz Dolino, Márcio SWK, Marina Ryfer, Natan Dias, J.Pavel Herrera, Renato Dib, Rubens Ianelli, Sergio Guerini e Thiago Nevs
02/2025

a natureza que me habita

Ana Durães
01/2025

polifonías

Polifonias reúne aquarelas, pinturas e fotografias de diferentes fases datrajetória do artista, destacando sua pesquisa visual e seu processo criativo. A exposição, comcuradoria de Matheus Drumond e texto de Denise Mattar, propõe uma reflexão sobre a construção da imagem e o diálogo entre cor, forma e textura. Inspirado por experiências com fotos de Tiradentes-MG, Guerini desenvolveu uma linguagem pictórica sensível, onde tons se sobrepõem em composições quase monocromáticas. Sua obra evoca a ideia de polifonia — múltiplas “vozes” visuais que coexistem em harmonia e tensão. Longe do rigor concretista, Guerini trabalha uma geometria emotiva e atmosférica, onde camadas de cor criam ritmo e profundidade. Mesmo no campo da abstração, surgem vestígios de realidade e memória. Sua pintura é contemplativa, instaurando um universo sutil entre o visível e o intuitivo.

Sérgio Guerini
09/2024

vegetabilia

A mostra apresenta o trabalho de João Di Souza em diálogo com pintores brasileiros que exploraram a natureza e a paisagem. A proposta não é validar, mas criar um horizonte comparativo entre diferentes abordagens do mundo natural. João, nascido em Itabuna em 1976, aproxima-se da natureza desde a infância, mas sua pintura não busca a fidelidade ao real: parte do vegetal para criar composições formais expressivas. Sua arte transforma elementos naturais em arranjos visuais, sem compromisso com a ideia tradicional de paisagem. A exposição também revisita nomes como Baptista da Costa, Clodomiro Amazonas e Bonadei, revelando como o mundo vegetal atravessa épocas e estilos. A presença das plantas — como símbolo, matéria ou inspiração — se mostra constante, magnética e essencial,evocando o vínculo profundo entre natureza, cultura e expressão artística.

João di Souza
05/2024

a casa, a cidade e o mar

Greta Coutinho, Beto Fame e Marina Ryfer
02/2024

enleve

A mostra Enleve apresenta as pinturas do artista afro-caribenho J. Pavel Herrera, cubano radicado no Brasil desde 2016. Sua obra, embora sutilmente crítica, carrega em si marcas de sua trajetória, atravessada por questões de insularidade, migração, memória e diáspora africana. O mar surge como símbolo central — não apenas como paisagem, mas como elo entre geografias e histórias. Com veladuras delicadas em tinta a óleo, suas paisagens evocam o sublime, despertando no espectador uma experiência sensível e introspectiva. Cada pintura convida a uma leitura única, determinada pelo estado de espírito de quem a observa. Por meio de cores vibrantes e formas contemplativas, o artista provoca encantamento e reflexão, conectando natureza e subjetividade. Enleve é, assim, um mergulho poético no “eu” e no “nós”, revelando a potência transformadora da arte como ferramenta de consciência e pertencimento.

J.Pavel Herrera
07/2023

a síntese das coisas

Ao longo de quatro décadas, Aldir Mendes de Souza construiu uma obra única que une a geometria construtiva à figuração pop, criando uma linguagem própria na arte brasileira. Médico de formação, aplicou à arte um olhar analítico e racional, buscando na ordem, na cor e no espaço uma síntese entre ciência, paisagem e espiritualidade. Sua pintura nasce de uma tradição pictórica que resiste aos modismos, explorando a beleza essencial das coisas da terra com clareza gráfica e sofisticação cromática. A partir de paisagens de cafezais, buracos negros e formas humanas, Aldir organiza territórios onde a cor se impõe como elemento central. Sua obra é ponte entre razão e mistério, figuração e abstração, tradição econtemporaneidade, reafirmando a autonomia da arte e sua
capacidade de encantar, revelar e permanecer.

Aldir Mendes de Souza
03/2023

paisagens brasileiras contemporâneas

Ana Durães,Luiz Dolino, Thiago Molon, J. Pavel Herrera e Rubens Ianelli
10/2022

a dança das horas

A abstração de Dolino combina rigor geométrico com lirismo sensível. Mestre na pintura e profundo conhecedor da história da arte, ele constrói uma linguagem visual marcada por linhas retas, ângulos e planos, sem uso de curvas. Sua obra explora relações entre forma e cor com base na proporção áurea, criando ritmos visuais que se equilibram entre harmonia e conflito. As rupturas e deslocamentos não rompem a unidade, mas a revitalizam, contribuindo para a construção de um todo coeso e dinâmico. A cor, modulada em luz e sombra, imprime lirismo àestrutura racional. Assim, Dolino desenvolve uma geometria emotiva e vibrante, onde razão e sensibilidade se entrelaçam. Sua pintura é um canto visual que traduz ordem e poesia, oferecendo ao observador uma experiência estética profunda, equilibrada e envolvente.

Dolino
05/2022

degrau

Antônio Bokel
05/2013